Aldeia dos Pequeninos

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Domingo, 15 / 07 / 12

Actividades com contos

 

 

  1. Actividade do "intruso": é introduzido um elemento (objecto, personagem, etc) que não está relacionado com a história inicial ( por exemplo, a do Capuchinho Vermelho). A história irá ser contada englobando o "intruso" numa determinada etapa da história. Esta actividade permite às crianças desenvolver a criatividade.
  2. Actividade dos "contos ao contrário": consiste em inverter as características das personagens (por exemplo, no conto do Capuchinho Vermelho, o lobo era bom e o Capuchinho Vermelho era mau).
  3. Actividade "O que é que aconteceu depois?": conta-se uma história às crianças, deixando a parte final "em suspenso" para que as crianças possam recorrer à imaginação e criar um final fora do que é habitual.
  4. Actividade "A salada dos contos": nesta actividade misturam-se partes de vários contos, com o objectivo de formar uma nova história.
  5. Actividade "O armário dos contos": é construído um armário, com várias gavetas, em que se vão colocar elementos importantes dos contos, tais como: objectos, personagens, locais, etc. Para realizar a actividade, retira-se um elemento de cada gaveta, à sorte, contando depois uma história com esses elementos.

In: Trabalho de Literatura Infantil

sinto-me:
publicado por olharovazio às 22:05
Sexta-feira, 28 / 10 / 11

O gosto das bruxas

Era uma vez uma menina que estava presa na torre mais alta de um castelo.
Ela era um princesa, mas não lhe valia de nada, porque perdera os seus pais e o reino, numa guerra que o dono do castelo, já se vê, é que ganhara.
Ainda era o tempo das fadas. Por isso a menina disse, para que as paredes ouvissem:
— Se uma fada me salvasse, fosse boa, má ou assim-assim, eu repartia a meias com ela o tesouro do meu perdido reino, que só eu sei onde está enterrado.
As paredes toda a gente diz que têm ouvidos. Estas ouviram, passaram palavra e daí a nada uma velha fada apareceu na sala.
— Vou dar volta à tua vida — disse a fada.
— És uma fada boa? — perguntou a menina.
— Nem por isso — respondeu a fada.
Era uma fada assim-assim e para provar que não era das melhores, mas também não era das piores, impôs, à partida, uma condição. Salvava a menina, mas, antes, ela tinha de adivinhar-lhe o nome. E avisou logo que não tinha um nome muito mimoso.
— Serafina — disse a menina.
Nem pensar. Não era Serafina nem Leopoldina nem Marcolina. Nem Eufrásia nem Tomásia. Nem Quitéria nem Pulquéria. Nem Aniceta nem Eustáquia nem Teodósia nem Venância nem Bonifácia nem Gregória. Nem sequer Capitolina.
A princesa esgotou os nomes mais esquisitos que conhecia. E a fada sempre com a cabeça a dizer que não. Até que propôs o seguinte negócio:
— Salvo-te, mesmo que não descubras o meu nome, mas fico com o tesouro só para mim. Todinho!
A menina concordou. Não tinha outro remédio. Vai daí a fada pronunciou umas palavras mágicas e ela e a princesa atravessaram as paredes da prisão.
Uma vez em liberdade, a princesa ensinou o local onde estava escondido o tesouro e pronto, a história acaba aqui.
E o nome da fada-bruxa?
Também a menina quis saber.
— Chamo-me Joaninha — respondeu a fada-bruxa, baixando os olhos, envergonhada.
— Mas Joaninha é um nome bonito — estranhou a princesa.
— Eu não acho — disse ela. — Gostava mais de ser Virgolina Zebedeia.
Vá lá a gente entender o gosto das bruxas.

 

António Torrado

www.historiadodia.pt

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publicado por olharovazio às 12:14
Terça-feira, 29 / 03 / 11

Um amigo especial

Era uma vez um menino chamado Miguel, que gostava muito de passear pelo campo. Costumava sair de casa a seguir ao almoço e só voltava após o pôr do sol. Havia sempre algo divertido para se fazer: apanhar flores, observar os animais e até molhar os pés num pequeno lago que ali existia.

Até que num belo dia...

Durante um destes passeios, O Miguel encontrou uma coisa fantástica: um cãozinho!

Pôde vislumbrar por entre a erva o pêlo branco com manchas castanhas e uns olhos escuros que o observavam com receio.

 

- Um cãozinho! Que bom! Agora já tenho uma companhia para brincar!

 

Ficou encantado com aquela descoberta. Pegou no seu novo amigo ao colo e correu para casa. Tinha de perguntar ao pai e á mãe se podia ficar com ele. Entrou de rompante na cozinha e chamou:

 

- Mãe! Pai! Venham ver o que eu encontrei!

 

- Mas que pressa é essa? O que é que se passa? - perguntou a mãe.

 

- Estava lá fora a brincar e encontrei-o. - respondeu o Miguel, mostrando o cão. - Posso ficar com ele? Por favor... - pediu ele.

 

Os pais olharam um para o outro durante um momento.

 

- Bem...acho que não deve haver problema...mas tens de tratar muito bem dele. - respondeu o pai.

 

- Obrigado! Fico tão feliz! Vou lá para foram brincar mais um bocado até à hora do jantar, pode ser? - perguntou o Miguel.

 

- Pode, mas tem cuidado e volta assim que começar a escurecer. - recomendou a mãe.

 

- Sim mãe, não te preocupes. - respondeu o Miguel.

 

Saiu de casa e foi brincar com o Pintas, assim se passou a chamar o cãozinho. A partir desse dia, o Miguel e o Pintas começaram a partilhar muitas aventuras.

sinto-me:
publicado por olharovazio às 20:34
Segunda-feira, 27 / 12 / 10

A história do rato Dentolas

 

Hoje vou contar-vos uma história, a história do Rato Dentolas; ou seja, a minha história: a história de um ratinho trabalhador.
Toda a minha família e eu vivíamos numa pequena casa: sim, o papá rato Dentolas e a mamã rata Anita.
A nossa casa era como todas as casas de ratinhos: um buraquinho (nem muito grande nem muito pequenino) para que nenhum gato nos pudesse apanhar.
Dentro havia rolinhos de lã que nos serviam de abrigo no Inverno, pedacinhos de jornal para que o papá soubesse sempre o que se estava a passar no mundo, queijinhos duros, brancos, com buracos e sem buracos (são os nossos preferidos).
Um dia tive uma ideia: mudar-nos! Mas para uma casa diferente das outras.
Uma casa muito grande, cómoda, limpa e muito branca.
Pensei, pensei, e decidi que o melhor seria ir viver para um castelo. Fui a correr, contei à minha família;
todos saltaram e abanaram os seus rabinhos com alegria.
Teríamos um castelo só para nós, sem gatos e com muitos queijinhos!
Então surgiu o grande problema: como é que o havíamos de construir?

A mamã pensou:
- Com algodão, mas… ia durar muito pouco.
O papá disse:
- Com papel! Não… voaria rapidamente.
Nesse momento ocorreu-me uma ideia genial: propor a todas as crianças do mundo que, quando lhes caíssem os dentes, mos entregassem a mim, para poder construir com eles o melhor e mais branco castelo jamais visto ou imaginado antes.
Isso sim, mas com uma condição: como sou muito tímido, os dentes que vos caírem, deverão deixá-los debaixo da almofada, para que quando estiverem a dormir, eu possa passar para ir buscá-los muito devagarinho e sem fazer nem um pequeno ruídinho. Mas, atenção!
Como somos ratos agradecidos e gostamos de fazer surpresas, vão ver que vou levar o dente mas vou deixar algo em troca.
O quê! Ah! Não, não se diz; se o dissesse, deixaria de ser uma surpresa.
Sabem uma coisa? Gostava que o meu castelo fosse o maior, que os vossos dentijolos ( dentes que são tijolos) estivessem sempre limpos, fortes e muito bem cuidados. Por isso lembrem-se de mim e cuidem bem deles, escovando-os como deve ser, não comendo demasiados doces e visitando o dentista.

E lembrem-se de que:
” Já no tempo dos meus avózinhos, o rato Dentolas juntava dentinhos.
Por isso, como disse o meu tio Martim, este é um castelo que não tem fim.”

 

De: Paty Bzel

 

sinto-me:
publicado por olharovazio às 22:29
Sábado, 11 / 12 / 10

O cavalinho branco

 

 

Era uma vez um cavalinho branco. Mas não era todo branco o cavalinho branco. Tinha estrelas azuis, muitas estrelas azuis espalhadas por todo o corpo e uma estrela maior no lugar do coração. Era um cavalinho branco às estrelas azuis.

 

Roda, roda, roda

na grande roda o cavalinho.

Roda, roda, roda

Corpo de estrelas, flor no focinho.

 

Não seria bem uma flor, mas quase. Parecia mesmo uma flor. Só um cavalo especial, um cavalo raro, pode assim mostrar uma flor no focinho e tantas estrelas azuis pelo corpo todo.

Este era um cavalo especial, um cavalo de carrossel.

Não andava contente com a sua vida, o cavalinho branco às estrelas azuis. Aquilo de ter de fingir que trotava, sempre à roda, sempre à roda, aborrecia-o. O barulho da música gritada pelos altifalantes e as vozes dos homens que apregoavam farturas e as luzes que baloiçavam dos fios e tremiam, tremiam, e o carrossel, dia e noite, a rodar, a rodar, mais uma volta e mais outra e outra — uf! — punham a cabeça do cavalinho branco também às voltas.

Não aguento mais estas tonturas — dizia o cavalinho branco. — Vou mudar de vida.

E mudou.

Correu pelos campos, saltou valados, chapinhou nos regueiros e bebeu a água fresca das fontes. Bem bom.

Mas um cavalinho branco às estrelas azuis, para mais em liberdade, acaba por dar nas vistas. Foi o que lhe sucedeu.

Um senhor de grande bigodes retorcidos, botas de montar e chapéu alto, como já ninguém usa, viu-o, uma vez, e gritou-lhe de longe:

— Eh, cavalinho, queres um torrão de açúcar?

Ele queria e veio buscá-lo. Então o senhor que usava botas de montar fez-lhe uma festa no pescoço e disse:

— Anda comigo que, mais logo, quando chegarmos ao circo eu dou-te o açúcar…

Lá foram, o cavalinho num trote curto de cavalinho bem disposto e o senhor de bigodes retorcidos a retorcê-los ainda mais, muito sisudo.

Quando chegaram ao circo, o senhor dos bigodes meteu o cavalinho numa espécie de jaula e disse-lhe assim:

— Logo, quando terminar o espectáculo, se tudo correr bem, dou-te o torrão de açúcar.

Um dos números mais aplaudidos do espectáculo era o do ilustre cavaleiro Arnaldo de Aguinaldo e os seus cavalos amestrados. Os cavalos emplumados e de arreios dourados trotavam à volta da pista, saltavam ao arco, dançavam ao som de uma valsa e ficavam muito quietos, como se fossem estátuas, quando o ilustre cavaleiro Arnaldo de Aguinaldo fazia estalar o chicote, de certa maneira. Eram, aqui fica dito, cavalos muito bem mandados.

Nessa noite, havia um número novo, um cavalinho engraçado, que o domador Arnaldo de Aguinaldo esperava que viria a ser a “estrela” mais brilhante da companhia. E com razão, pois então! Sim, porque não fazia sentido que um cavalinho branco, com o corpo coberto de estrelas, não fosse a “estrela” maior da companhia…

Dava gosto vê-lo, ao cavalinho, a trotar à roda, à roda, sempre à roda da pista, e o senhor cavaleiro Arnaldo de Aguinaldo no meio, de braços abertos, com o chicote numa das mãos e o chapéu alto na outra, como se quisesse dizer: “Admirem, excelentíssimos senhores, as maravilhas que eu tenho para mostrar. Isto vale ou não vale o preço de um bilhete?”

 

Roda, roda, roda

roda que roda num redemoinho

roda, roda, roda

finge que voa o cavalinho.

 

Pois fingia, realmente, mas não voava. Que triste sina esta a do cavalo branco às estrelas azuis. Não bastavam as voltas que tinha dado, e tantas, no carrossel?

Noites e noites rodou, trotou, dançou na pista do circo… Até que um dia se fartou.

— Chega — disse o cavalinho e pôs-se a andar de ali para fora.

Nem o torrão de açúcar, sempre prometido, sempre adiado, foi reclamar. Dali não levava nada.

Voltou a correr pelos campos, a saltar valados, a chapinhar nos regueiros… Que bom!

Mas, ao que dizem, o que é bom não dura sempre… Um dia, um lavrador que o vira saltar para dentro da herdade, correu atrás dele e, com algum custo, prendeu-o a uma nora. Mas primeiro tomou o cuidado de lhe tapar os olhos com uma venda.

— Por causa das tonturas — explicou ele.

Isso que fazia? Tanto já o cavalinho tinha andado à roda, que se tinha curado das tonturas. Do que não gostava era de andar sempre a pisar o mesmo caminho. Não haveria outro emprego para um cavalo branco com estrelas azuis?

 

Roda, roda, roda

na giga-joga o cavalinho

roda, roda, roda

e sempre à roda mói o caminho.

 

Talvez fosse possível arranjar outra profissão mais agradável. Qual seria? Deu voltas e voltas e decidiu desempregar-se mais uma vez, sem dar contas a ninguém. Libertou-se da nora, nem sabemos como, e tomou por uma estrada que a algum sítio devia levar.

Pelo mesmo caminho ia um cavalo castanho a puxar uma carroça.

“E se eu fosse também um cavalo de carroça?”, pensou o cavalinho branco às estrelas azuis.

Olhou para o cavalo castanho e viu-o tão triste e tão atormentado pelas moscas, que desistiu.

Em sentido contrário vinha um esquadrão de cavalaria da Guarda Republicana. Que lindos cavalos e que imponentes cavaleiros! “E se eu fosse atrás deles?”, lembrou-se o cavalinho.

Mas o suor escorria do pescoço dos cavalos. Era de tanto terem galopado. E — reparou ainda o cavalinho — as estrelas de metal que os cavaleiros traziam nas botas deixavam um rasto sangrento na barriga dos cavalos. Chamavam àquilo as esporas…

“Ah, sendo assim já não vou”, decidiu o cavalinho branco às estrelas azuis.

Continuou o seu caminho. Foi ter a uma cidade e a um grande largo onde um cavalo de bronze reluzia à luz do sol.

O cavalinho, ao vê-lo, exclamou:

— Ora aqui está um emprego que me calhava. Ninguém nos incomoda e, uma vez por outra, até nos tiram um retraio.

Respondeu-lhe, de cima do seu pedestal, o cavalo de bronze:

— Nem penses nisso. Estou aqui à chuva e ao sol, todo o tempo, e com uma pata no ar, sempre na mesma posição, a fingir que ando, mas não ando, e tu ainda achas que o emprego é bom!? Sonha com outra coisa, mas nunca queiras ser estátua.

Então que havia ele de ser? Sim, que modo de vida podia convir a um cavalinho branco às estrelas azuis?

Deu voltas à cidade, deu voltas à cabeça e, por fim, mirando a montra de uma casa de brinquedos, descobriu a sua vocação — iria ser cava­lo de brincar. Postou-se à porta, ao lado dos cavalos de pasta e dos cavalos de madeira e esperou que alguém o quisesse levar. Não esperou muito.

 

O cavalinho branco às estrelas azuis anda agora nas suas sete quintas. É, agora, cavalo de baloiço, cavalo de balancé… Emprego melhor não conhece. Finge que é cavalo de carrossel, cavalo de carroça, cavalo da Guarda, cavalo de circo, mas é apenas um brinquedo nas mãos de um menino. Bem bom.

 

António Torrado
Trinta por uma linha
Porto, Civilização Editora, 2008

 

 

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publicado por olharovazio às 22:26
"A educação tem raízes amargas, mas os frutos são doces." ( Aristóteles )

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