(...)Para além dos programas utilizados com mais frequência pelos adultos, tais como o Word, o Paint, o Powerpoint, e que são também úteis e adequados para serem utilizados pelas crianças, mesmo as que frequentam a educação pré-escolar, faz parte da função do educador seleccionar alguns programas, com carácter educativo e que possam ser usados pelas crianças.

Com efeito, a selecção dos programas educativos é da maior importância. Vários autores, tais como Davis & Shade (1994), Haugland & Wright (1997) e Ramos (2005) destacaram que a qualidade do software utilizado é determinante no que diz respeito ao desenvolvimento de experiências de aprendizagem adequadas sendo, contudo, uma tarefa com particular dificuldade devido ao facto do mercado estar repleto de programas que se auto-intitulam de educativos, sendo graficamente muito atractivos e que, ao serem explorados, se tornam decepcionantes.  Deste modo, tendo em consideração a investigação disponível, as crianças parecem recolher mais benefícios ao utilizarem aplicações que apresentem características abertas (openended) que promovam a exploração e a imaginação, contrariamente aos programas que são muito estruturados, do estilo exercício e prática (drill and practice). Outros aspectos que oferecem mais benefícios são:

  • O facto de serem “amigáveis e intuitivas”, por outras palavras fáceis de usar, com menus e ícones figurativos que são facilmente associados à sua função.
  • Serem flexíveis, dando a possibilidade de responder a diversas necessidades e objectivos educacionais, vocacionadas para o sucesso, fornecendo feedbacks positivos e pistas que, caso seja necessário, guiem a criança.
  • O facto de atribuírem à criança um papel activo, pedindo em troca reacções, escolhas, explorações, tomada de decisões e realização de actividades.
  • Poderem ser multisensoriais, atractivas, interactivas mas que ao mesmo tempo não se limitem unicamente a um espectáculo de sons, música, cores e movimento, que não têm conteúdo nem relevância.
  • O serem direccionadas para a resolução de problemas, tendo em conta necessidades reais e interesses da criança.
  • O facto de facilitarem e estimularem a cooperação entre as crianças, ao invés da competitividade, o que promove a comunicação.
  • Proporcionarem o estabelecimento de uma relação com a vida real, sem que com isso, renuncie à fantasia.
  • O facto de valorizarem a diversidade, tanto étnica como cultural, levando a que as crianças estabeleçam pontos de identificação com o que é abordado, independentemente do seu background de origem.
  • Disponibilizarem informação adicional aos adultos, acerca dos objectivos do programa, as idades adequadas, as sugestões de acompanhamento da actividade e também indicadores relacionadas com a instalação e resolução de possíveis problemas.

Em suma, trata-se de aplicar o uso das novas tecnologias ao que a investigação educacional revela acerca do modo de aprendizagem das crianças pequenas. Esses pontos são válidos para o software, assim como para outro género de actividades e experiências. Deste modo, a exploração, a descoberta, a actividade iniciada por iniciativa própria, o controlo e a flexibilidade ligada aos programas abertos vão de encontro ao desenvolvimento de uma aprendizagem activa que é especialmente adequada às crianças desta idade.

 

sinto-me:
publicado por olharovazio às 15:54