À medida que se vai desenvolvendo, o bebé observa tudo o que se passa à sua volta e constrói relações espaciais. Sabe-se que actualmente esse desenvolvimento se processa a um ritmo bastante superior ao que acontecia à umas décadas. Para além dos maiores cuidados com a higiene e a saúde, há uma  mais rápida apropriação pelo bebé do espaço à sua volta. Na verdade, antigamente, ele passava grande parte do tempo deitado na cama, com um ângulo de visão muito limitado. Com a evolução das últimas décadas, passou a ser transportado em cadeiras semi-reclinadas que lhe proporcionam uma visão muito mais ampla do espaço que o rodeia, o que contribuí para um desenvolvimento mais rápido. Nos primeiros 18 meses de vida existe apenas um espaço prático, que está directamente ligado à acção do bebé, e sendo assim, existirão tantos espaços quantas as brincadeiras que o bebé realiza. O bebé ignora que faz parte desse espaço, pois o espaço é uma propriedade da acção. A visão é, durante os primeiros meses de vida, o grande instrumento de construção dos conceitos, sendo através desse sentido que o bebé percepciona o mundo e se apropria do espaço. Assim, é essencial estimularmos as capacidades visuais do bebé colocando no seu campo de visão objectos atractivos.

 

 

Progressivamente, à medida que a criança toma consciência do seu corpo e começa a coordenar os movimentos do olho com a mão. Inicia a coordenação dos diferentes espaços (visual, táctil, gustativo) até constituir um espaço único. Vai reconhecendo as suas próprias posições e deslocamentos no espaço (posição sentada, andar, correr, saltar, etc) e vai tendo uma noção mais adequada do espaço que a rodeia.

É fundamental que a criança possa explorar materiais que a ajudem a aumentar o conhecimento acerca do seu próprio corpo: estruturas de trepar, escorregas, baloiços.

Por volta dos dois anos de idade a criança já se reconhece enquanto objecto no espaço e já representa o espaço mentalmente, construíndo a noção de objecto permanente: a criança compreende que os objectos continuam a existir mesmo quando estão longe do alcance da sua visão (procura um objecto escondido).

 

 

Por volta dos três anos, a criança já domina o espaço próximo. Já se orienta no espaço e conhece os locais que têm uma relação afectiva para ela. Só que este domínio é unicamente sobre o espaço agido, a criança ainda não interiorizou a representação do espaço (é capaz de ir da sala à cozinha deitar um papel no lixo, mas se lhe perguntarmos qual a divisão contígua aquela onde está não é capaz de responder).

 

In: Coisas de Criança

publicado por olharovazio às 20:29